Pai de criação, amor de coração: William mostra que não há fronteiras para cuidar de um filho que precisa de tratamento

Em um gesto de amor, William viaja da Bahia para Vitória em busca do tratamento para escoliose de Kauan, que se tornou seu filho aos 3 anos de idade

Quando o sentimento é verdadeiro, os títulos não importam. Essa é a essência de uma conexão que vai além dos laços de sangue, uma ligação forjada na base do cuidado, carinho e dedicação. Assim começou a jornada de paternidade de William, quando ele se apaixonou por Maynã, que já tinha dois filhos – entre eles Kauan com três anos -, e escolheu abraçá-los como se fossem seus filhos biológicos.

 

William e seu filho Kauan

Durante a convivência, o casal percebeu que Kauan andava e respirava com dificuldade. Aos 14 anos, o adolescente foi diagnosticado com escoliose congênita – um desvio lateral da coluna vertebral em forma de C ou S devido a uma má-formação de uma ou mais vértebras. O pai conta que a procura por tratamento para seu filho foi desafiadora, pois na cidade onde residiam, na Bahia, não tinha um diagnóstico satisfatório para proporcionar 100% de bem-estar para ele: “O tempo foi passando e o nosso desespero como família só aumentou. Passamos dias muito tristes em ver que o pulmão estava se comprimindo e Kauan com dificuldades em respirar”, contou.

Após conversar com amigos e profissionais, Willian foi indicado a vir com seu filho para o Espírito Santo, em Vitória, procurar atendimento no Ráquis – Instituto da Coluna, onde seria atendido pelo médico ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), Lourimar Tolêdo. E assim ele fez. Viajou com Kauan até as terras capixabas com a esperança de conseguir um tratamento: “De cara, fiquei muito feliz com tudo. Desde a recepção até a consulta fomos tratados com muito carinho. E, quando recebemos a resposta de que o caso de Kauan teria solução, fiquei muito animado. Voltamos para Bahia para fazer alguns exames solicitados com o coração muito grato”, afirmou.

O médico especialista que tratou o caso de Kauan, doutor Lourimar Tolêdo, afirmou que a situação era bem complexa e que o adolescente precisaria de uma cirurgia urgente: “Além de causar dores e problemas físicos, como dificuldade na respiração e deformidade do tronco com diferença na altura dos quadris e ombros, o caso de Kauan era bem grave, que limitava a mobilidade da coluna e reduzia o espaço do tórax que abriga os órgãos dos sistemas respiratório e cardíaco, prejudicando o pleno funcionamento”, disse.

 

Dr. Lourimar Tolêdo – Ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Coluna

Depois de alguns meses, William e Kauan retornaram à Vitória para dar início à cirurgia: “No dia do procedimento, meu coração e o de minha esposa transbordavam de alegria. A cirurgia foi um sucesso. Enquanto aguardávamos o resultado, o Dr. Lourimar veio e me disse ‘seu filho vai voltar a andar e respirar normalmente, pois a cirurgia foi um sucesso’. Naquele momento minha alegria de pai transbordou e logo em seguida voltamos para nossa casa”, lembrou de forma emocionada.

Este Dia dos Pais será mais especial para a família, afinal, não há nada mais prazeroso do que viver com saúde, bem-estar e sem dores. William ainda deixa uma mensagem: “Para mim, pai é quem cria e pode dar amor e carinho. Isso eu fiz com todo meu amor. Agradeço a minha esposa Maynã por ter me dado o privilégio de ser pai em dose dupla e, agora, tripla, pois temos a nossa filha Fernanda. Hoje, vivemos muito felizes e vitoriosos por vencermos a escoliose”, concluiu.

Sobre a escoliose

Existem três tipos mais comuns de escoliose na infância e na adolescência:

– Congênita: indica que o paciente nasceu com com a curvatura da coluna e é causada por uma falha das vértebras em formar-se ou separar-se individualmente.

– Neuromuscular: causada por distúrbios neurológicos que incluem paralisia cerebral, distrofia muscular de Duchenne – que é uma doença neuromuscular caracterizada por fraqueza e perda de massa muscular progressiva – e mielomeningocele, uma malformação congênita em que uma parte da medula espinhal do bebê fica exposta.

– Idiopática: recebe esse nome por ter causa desconhecida. É a mais comum e está dividida em três categorias de idade, com base na apresentação inicial da curvatura da coluna: infantil (até 2 anos de idade), juvenil (entre 3 e 10 anos) e do adolescente (entre 11 e 17 anos).

O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica, com o paciente de frente, de costas e de perfil. Exames como o de raio-X identificam desvios no alinhamento da coluna vertebral, calculam o grau das curvaturas e mostram eventuais alterações ósseas.

O tratamento da escoliose nas crianças e adolescentes geralmente dependerá do tipo, da magnitude, da gravidade e da localização da curvatura, do seu potencial de progressão, idade, maturidade esquelética e saúde geral do paciente.