Os principais tratamentos para dor crônica

O doutor Lourimar Tolêdo, ortopedista membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC), responde as principais dúvidas sobre o tratamento de dores crônicas na coluna. Confira abaixo:

Como funciona o circuito da dor?

Dor crônica é considerada aquela que dura mais do que 3 meses. Para que seja tratada da maneira mais adequada, é preciso descobrir qual é causa dela.

Quais são os tratamentos mais modernos para a dor crônica? Pode citar alguns e dizer para quem eles são indicados?

Tratamentos:

  • Injeções locais

Para os casos de dores na coluna, o tratamento pode ser feito por meio de injeções locais, nas quais os medicamentos são aplicados nas articulações ou nos próprios nervos, bloqueando a dor, inflamações e espasmos musculares.

  • Radiofrequência

Também existe um procedimento minimamente invasivo em que colocamos um aparelho de radiofrequência próximo aos nervos que transmitem dor. Dessa forma, conseguimos interromper esse estímulo de dor.

  • Eletrodos

Existem implantes de eletrodos na medula espinhal, que são chamados de neuroestimuladores. Nesses casos, pequenos eletrodos podem ser implantados na coluna para bloquear a recepção de estímulos de dor.

  • Cirurgia

Elas servem para corrigir as alterações estruturais e as alterações anatômicas. É retirada a causa da dor e descomprimidos os nervos e a medula, casos sejam esses os motivos da dor.

As cirurgias minimamentes invasivas podem ser realizadas por mini incisões (de meio centímetro a 1 centímetro) e, através desta incisão, nós colocamos uma cânula e visualizamos as estruturas por vídeo, corrigindo as estruturas de forma exata, eficaz e com a preservação dos órgãos e tecidos sadios do paciente.

Em alguns casos precisamos corrigir deformidades, desvios e descomprimir de forma ampla a medula e os nervos.

A recuperação é mais rápida, os riscos de complicações são menores, o pós-operatório menos doloroso e o paciente tem um retorno rápido ao trabalho e às atividades de lazer e esportivas.

E quanto ao futuro de tratamentos para dores? O que deve surgir nos próximos anos?

Com relação ao futuro, o que tem sido pesquisado são estímulos elétricos do sistema nervoso para aliviar dor, a aplicação de células-tronco do próprio paciente na região lesionada, em busca de regeneração, novos procedimentos cirúrgicos e novos medicamentos.

A dor crônica tem cura?

O tratamento da dor crônica não é tão simples. Ele deve envolver uma abordagem multidisciplinar, com a identificação de todos os fatores que são estão envolvidos na dor de cada paciente.

Não existe uma regra geral. A gente tem que ver qual que é o motivo da dor daquele paciente, qual o seu estado psicológico e orgânico, qual a localização anatômica e que doença ele tá apresentando para poder ser tratado.

É necessário também o apoio dos familiares dos amigos auxiliando o paciente na descoberta da causa e no tratamento de sua dor.

A partir da identificação dessa causa a gente analisa se vai ter uma cura ou não para o tipo de dor apresentadas. Existem várias terapias não-cirúrgicas e cirúrgicas que podem ser utilizadas de acordo com o que está acontecendo com paciente.

A pandemia influenciou de alguma forma os números das dores crônicas no País?

A pandemia influenciou muito na evolução dos casos de dor crônica, porque as pessoas pararam de praticar atividades físicas e ficaram mais sedentárias. Algumas começaram a trabalhar em casa, fora do ambiente que estava preparado com a ergonomia adequada para a prática do ofício.

A postura em casa é completamente diferente da postura no trabalho. Além disso, contribui para a dor o aumento do tempo de trabalho e do o estresse.

Quem já sofria com dores antes da pandemia viu o quadro piorar porque teve que interromper tratamentos como a fisioterapia.

Qual o maior desafio dos médicos, da ciência no tratamento da dor crônica?

O maior desafio no tratamento das dores crônicas que os médicos enfrentam é o fato de ter a tecnologia disponível, porém com acesso restrito aos pacientes. Isso porque esse tipo de tratamento é muito caro e a maioria dos planos de saúde não cobre. Isso dificulta e limita o acesso do paciente que não tem condições financeiras favoráveis.